Cinema e Literatura: BRIC – diásporas de uma escritura [ex]cêntrica


Vem aí o segundo evento que relaciona cinema e literatura, organizado pelo grupo Limiares Comparatistas e Diásporas Disciplinares: Estudo de Paisagens Identitárias na Contemporaneidade. Depois de discutir o amor contemporâneo, chegou a hora de nos voltarmos para as produções do BRIC.

Agende-se:
O evento será realizado sempre das 18h às 19h30, na Arena do Celin, 2º andar do prédio 8, na PUCRS.

25/05 – Índia
Livros:
Cabine para Mulheres, de Anita Nair / apresentação de Camila Leão
Versos Satânicos, de S. Rushdie / apresentação de Pedro Mandagará
Filme:
Um casamento à indiana, direção de Mira Nair / apresentação de Gabriela Silva
Mediação: Vinícius Carneiro, trazendo aspectos do orientalismo, de Edward Said

22/06 – China
Livros:
Balzac e a Costureirinha, de Dai Sijie / apresentação de Guilherme Fialho
A Construção de Madame Mao, de Anchee Min / apresentação de Estevan Ketzer
Filme:
Amor à Flor da Pele, direção de Wong-Kar-Wai / apresentação de Maurício Krebs
Mediação: Marcelo Noah, que vai conversar sobre iChing.

24/08 – Rússia
Palestrante: Prof. Dra. Ana Mello
Mediação: Prof. Dr. Ricardo Barberena

19/10 – Brasil
Livros:
O Filho da Mãe, de Bernardo Carvalho / apresentação de Camila Gonzatto
Passaporte, de Fernando Bonassi / apresentação de Vinícius Carneiro
Filme:
Terra Estrangeira, direção de Daniela Tomas e de Walter Salles / apresentação de Guilherme Zubaran
Mediação: Gabriela Silva

Conheça mais sobre o BRIC e sobre o evento:

BRIC – diásporas de uma escritura [ex]cêntrica
O termo BRIC foi criado em 2001 pelo analista econômico Jim O’Neill para agrupar as quatro economias emergentes de maior potencial. Segundo O’Neill, até 2050 o grupo dos BRICs – Brasil, Rússia, Índia e China – pode ultrapassar economicamente o atual grupo dos países ricos (Europa, Japão e Estados Unidos). Nessa projeção, Brasil e Rússia serviriam como exportadores de matérias-primas, enquanto Índia e Rússia seriam os grandes parques industriais do mundo.
A criação deste novo bloco econômico foi bastante criticada: aparte o trocadilho da abreviatura, não haveria ligações fortes o suficiente entre os quatros países para justificá-lo, ou para excluir qualquer outro país emergente. No entanto, o termo se tornou uma realidade diplomática: em 2009, ocorreu em Yekaterinburg, na Rússia, o primeiro encontro oficial dos BRICs, com a presença dos líderes dos quatro países e assinatura de documentos conjuntos.
Aparte suas diferenças brutais e mesmo distância geográfica (no caso do Brasil), há grandes semelhanças entre a história política recente dos BRICs. Todos os quatro países viveram mudanças políticas e sociais extremas nos últimos cinqüenta anos, adquirindo estabilidade em algum momento da virada dos anos 1980 para os 1990. O Brasil saiu de uma ditadura militar em 1985 para eleger seu primeiro presidente por voto direto em 1989 – e logo depois cassá-lo por meio de impeachment. A União Soviética foi desmembrada saiu do seu regime burocrático, pretensamente socialista, entrando num período de caos econômico, desmantelamento de infra-estrutura e fuga de mão-de-obra do qual só se recuperou recentemente. Desde sua independência do domínio britânico, em 1947, a Índia foi repartida em dois, gerando o Paquistão, com o qual esteve em guerras intermitentes desde então. O herói da independência, Mahatma Gandhi, foi assassinado em 1948. Sua filha Indira, primeira ministra, foi assassinada em 1984, e o filho dela, Rajiv Gandhi, também primeiro ministro, foi assassinado em 1991. A China, depois da desastrosa Revolução Cultural dos anos 1970, entrou num processo de liberalização econômica combinada com repressão política, da qual é testemunho o Massacre da Praça da Paz Celestial em 1989.
No plano cultural, os BRICs não poderiam ser mais diversos. Cada um deles, pode-se argüir, sofre de sua maneira particular de “Orientalismo”, de um movimento de esteriotipificação de suas sociedades, que vai desde os filmes de kung-fu a imagens do carnaval brasileiro. Os quatro países têm tido grande movimentos diaspóricos recentes, com uma produção cultural correlata de grande importância. Podemos, assim, ver num mesmo movimento a literatura indiana de língua inglesa produzida na Inglaterra e nos Estados Unidos e, por exemplo, a produção recente de filmes de diretores brasileiros em Hollywood.
A proposta do evento “BRIC – diásporas de uma escritura [ex]cêntrica” é compreender essa produção cultural recente dos países dos BRICs, integrando-a na turbulência econômico-social de sua história recente e nos movimentos diaspóricos mais amplos que têm marcado o mundo globalizado. Cada um dos quatro dias do evento, que ocorrerá de maio a outubro, tratará da produção literária e cinematográfica de um dos países do bloco. Não se esquecerá, também, a produção teórica relativa às diásporas contemporâneas, especialmente a de matriz pós-colonial. O evento é uma promoção do grupo de pesquisas “Limiares Comparatistas e Diásporas Disciplinares: Estudo de Paisagens Identitárias na Contemporaneidade”, coordenado pelo Prof. Dr. Ricardo Barberena e ligado ao Programa de Pós-Graduação em Letras da PUCRS.
(Texto de Pedro Mandagará)

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