Dica de leitura [1]


Já conhece o romance do Silviano Santiago, intitulado "O falso mentiroso"?

 

“O falso mentiroso: paradoxo atribuído a Euclides de Mileto (século IV a.C.), cuja forma mais simples é: se alguém afirma “eu minto”, e o que diz é verdade, a afirmação é falsa; e se o que diz é falso, a afirmação é verdadeira e, por isso, novamente falsa.” (Enciclopédia Mirador)

 
Capa muito engraçadinha... há quem diga que é o próprio autor/ narrador/ personagem...


Nosso grupo iniciou as leituras de romances por esse título acima indicado.

Curioso pensar em um texto literário cujo autor também seja crítico - lembrem de "Uma literatura nos trópicos" -, e as relações entre essas obras foram inevitáveis. As dualidades verdade/mentira, verdadeiro/falso, original/cópia se mesclam e se interpõem, se relacionam e se multiplicam em plurisignificados. O título, sugestivo e alusivo em toda a narrativa, nos dá a (in)coerência da obra, de (re)pensar os limites (ou não) de um autobiografia, ficção, contação de história, seja lá o que essa obra é. Mas também não nos interessa colocá-la em única gaveta conceitual. Até porque as personagens são (in)definíveis: quem conseguiria dizer, em uma única palavra, o que representa Zé Macaco? E o pai Falso Dr. Eucanaã? E a mãe Falsa Donana? E a secretaria do pai? E a namorada/ esposa muda Esmeralda?


Não tive mãe. Não me lembro da cara dela. Não conheci meu pai. Também não lembro da cara dele. Não me mostraram foto dos dois. Não sei o nome de cada um. Ninguém quis me descrevê-lo com palavras. Também não pedi a ninguém que me dissesse como eram.
Adivinho.
Posso estar mentindo. Posso estar dizendo a verdade  (p. 9).


Nas vascas da agonia, me chamou de filho da puta.
A mim? Ou aos vários eus que convivem dentro de mim?
Chegou a hora de pôr os pontos nos ii.
Não sei por que nestas memórias me expresso pela primeira pessoa do singular. E não pela primeira do plural. Deve haver um eu dominante na minha personalidade. Quando escrevo. Ele mastiga e massacra os embriões mais fracos, que vivem em comum como nós dentro de mim. (p. 136).

O que nos é verdade ou mentira? O que somos, será, não é só uma mera cópia cujos valores sociais e ideológicos nos são passado, assim, sem muita originalidade? Como ser verdadeiro?

O texto nos consome a  estabelecer uma conversa sobre o próprio papel, nosso, de estudante de teoria.

Ficou curioso? Então vai ler o livro! E depois comenta aqui, ok?

:)
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Sobre o que o Silviano Santiago diz de "O Falso Mentiroso" - http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2375,1.shl

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